Pietro Fittipaldi estreia esse final de semana no GP de Sakhir

A partir de ontem,  sexta-feira, 4 de dezembro, Pietro Fittipaldi vai enfrentar o desafio pelo qual se preparou e sonhou por boa parte de seus 24 anos: disputar uma corrida de Fórmula 1. 

As circunstâncias para sua estreia são pouco comuns, já que ele será o substituto de Romain Grosjean, que sofreu um acidente na última corrida, e sequer sabe se fará apenas o GP do Sakhir neste final de semana, ou se estará também na última etapa do campeonato, em Abu Dhabi. 

Mas o que dá para esperar do primeiro brasileiro a correr na categoria em mais de três anos? Por um lado, Fittipaldi tem a experiência de ter pilotado o carro de 2019 nos testes de pré-temporada e também no final do ano, em Abu Dhabi. 

Como a Haas optou por apenas desenvolver o carro novo para o início da temporada, e depois pouco mudou seu equipamento, ele tem uma ideia do que vai encontrar.

Pneus

Em relação aos pneus, como a Pirelli manteve os mesmos compostos para 2020, Pietro também tem familiaridade com eles, apesar de, claro, não os conhecer tanto quanto os outros pilotos do grid. 

Os engenheiros e mecânicos também não serão novidade, já que o brasileiro está na equipe desde o fim de 2018, e eles já estão acostumados com o técnico dele que, inclusive, é elogiado dentro da equipe.

“Podemos não ter o melhor carro, mas, para mim, é um grupo de pessoas incrível”, destaca o piloto. “Os engenheiros e mecânicos estão me ajudando muito – e já os conheço há dois anos. Kevin e Romain também estão me apoiando muito e sendo muito abertos comigo porque eles sabem que, na minha primeira corrida, vai ser difícil dominar a parte dos procedimentos do carro. Mas o fato de a equipe estar sendo incrível me ajuda muito”, afirma o piloto Fittipaldi.

Kevin Magnussen 

Companheiro de Pietro neste final de semana, Kevin Magnussen revelou que está tentando lembrar quais eram as coisas que acabavam ando batido para ele no início de carreira. 

“Estava conversando com ele sobre as áreas em que eu gostaria que ele focasse, porque há alguns momentos no final de semana que podem te surpreender, como os procedimentos de largada. E também sobre as ferramentas que temos no carro – o ajuste de diferencial, os mapas de frenagem… – tudo que pode fazer diferença. Vou tentar guiar o Pietro nesse sentido o máximo que puder. E tenho certeza de que ele vai entrar no ritmo rapidamente e vai fazer um bom trabalho”, observa Kevin Magnussen

Pista curta e veloz é ruim para a Haas

Os pontos positivos, contudo, param por aí. Fittipaldi não disputa uma corrida desde o início do ano e vai correr com o segundo pior carro do grid. Nas 15 provas disputadas até aqui, os dois pilotos da Haas, que são bem mais experientes, conseguiram, somados, chegar à segunda parte da classificação, o Q2, apenas oito vezes, e pontuaram em duas oportunidades: Kevin Magnussen foi o décimo no GP da Hungria e Romain Grosjean foi o nono no GP de Eifel.

Desafios

Perguntado pelo UOL Esporte sobre quais os desafios que deve encontrar, Fittipaldi destacou, além dos procedimentos citados por Magnussen, a questão física. 

“Não sei o quão exigente este circuito vai ser fisicamente: é uma pista curta, com muitas retas, poucas curvas, mas zonas de frenagem forte, mas é claro que treinar na academia nunca é a mesma coisa de correr de verdade. É quase impossível simular. Você tenta manter seu pescoço preparado mas, no final das contas, o melhor treinamento é pilotar. Sei que meu piloto vai levar um choque depois dos treinos livres, mas vamos lidar com isso”, diz.

Conselho

O piloto de 24 anos disse que é importante não querer tentar tirar tudo do carro logo de cara, algo que, inclusive, ouviu como conselho dos outros pilotos da família Fittipaldi. “O principal para mim é manter a calma, indo o a o, aumentando o ritmo dos treinos livres para a classificação e para a corrida. Tenho que construir um ritmo.”

Pista

A pista de Sakhir deve ser especialmente ruim para a Haas, uma das três equipes que usam motores Ferrari que são, de longe, os menos potentes do grid. Isso porque o traçado que será utilizado é formado de retas e curvas de alta velocidade, com média de 220km/h.

A classificação promete ser a mais dura do ano, já que a pista é muito curta (3.5km) e o trânsito será intenso, justamente no Q1, quando os carros da Haas costumam estar entre os eliminados. Na corrida, a pista curta também deve ser um problema, já que os carros mais rápidos não vão demorar para conseguir dar uma volta nos retardatários que, ao dar agem, acabam indo para a parte de fora da pista, fora do traçado ideal. Com sujeira nos pneus, perde-se aderência e velocidade.